13 de fevereiro de 2018
Praça dos Leões, Fortaleza-CE
Peço perdão ó, Deus
perdão aos pés que correm para festejar o carnaval
perdão por estar em seus caminhos, jogado como um animal
às vezes, queria ser animal, cachorro de raça ou vira-lata
bem cuidado, mimado, daqueles que não precisa chorar
porque sabe que tem carinho, alento, amor, um lar
Meu corpo nem é mais meu, se perdeu...
na poeira, na sujeira que o folião deixou
a rua pra você é festa, praça, lata de lixo
pra mim é casa, cama, sustento
Vi o carnaval chegar e ir simbora,
vi a alegria dos outros, mas não a entendi
fiquei ali, deitado, parado, extasiado
meu corpo, que nem é meu, sequer se mexeu
indesejado, sofrido, corroído pelo tempo e pela indiferença
Mas sigo acreditando ó, Deus
cometo meus deslizes, tenho fome, perdão, meu pai
mas continuo acreditando, caminhando e lutando
uma luta invisível, mas plenamente audível
uma luta cantada.
o folião se divertiu, dançou e cantou junto:
“Meu Deus, Meu Deus, se eu chorar não leve a mal, pela luz do candeeiro, liberte o cativeiro social”
Foi lindo ouvir minha vida e a de tantos outros “eus” pelo Brasil ser cantada na Sapucaí
Josés, Franciscos e Marias ecoando para o mundo
Mas e agora, o que vai ser de mim?
alguém escutou ou será meu fim?
me diga, meu amigo abençoado, meu irmão de sangue avermelhado
você me reconhece?
Vitor Magalhães
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