Um José de fortalezas

Um José de fortalezas - Juliana Teixeira

Fortaleza é repleta de Josés e, alguns deles, são repletos de fortalezas; assim, no plural

José Valdir é mais um José de fortalezas. Aos 44 anos, saiu da singela Pentecoste para o vai e vem da capital. Era novembro de 2016. E, assim, a crise tirou do berço esplêndido mais um filho do interior; um interior que ainda guarda saudades e entes queridos; um interior que, de mês em mês, é ponto de fuga para o José-de-Pentecoste.

Esse mesmo José, em meio ao movimento infindável de uma 13 de Maio em dia de semana, encontra apoio para o corpo em seu isopor sobre o carrinho gasto. É por volta de meio dia e as garrafinhas de água vendidas por ele parecem ainda mais convidativas. Observo-o um pouco mais, ainda preguiçosamente apoiado em seu isopor, e não consigo mensurar a saudade que esse homem traz sob o peito; não consigo mensurar a força que ele deve ter consigo, para tudo suportar e, ainda assim, em plena 13 de Maio, fazer do isopor seu ponto de sossego.

Há alguns meses não o vejo mais. 
Nem o isopor. 
Me questiono se Pentecoste teve seu José de volta, se ele deu um jeito de driblar a crise sem se desgarrar da cidade. Ou se apenas trocou a 13 de Maio por outra rua de trabalho. Nunca torci tanto pela primeira opção, para que as fortalezas de José tenham suportado a saudade e encontrado novamente o lar que, como se via em seus olhos, dificilmente seria apenas Fortaleza.
Juliana Teixeira.

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